
Em um episódio marcado por preconceito e constrangimento, a personal trainer Kely Moraes foi impedida de usar o banheiro feminino de uma academia na Zona Sul do Recife, após ser erroneamente identificada como uma mulher trans. O caso ocorreu na manhã da última segunda-feira (26), em uma unidade da rede Selfit, localizada no bairro de Boa Viagem, e parte da confusão foi registrada em vídeo pela própria vítima.
Segundo Kely, tudo começou quando, após sofrer uma queda de moto a caminho do trabalho e machucar o pé, ela procurou o banheiro da academia para se limpar. Ao sair do local, foi surpreendida por um casal, que a abordou de maneira agressiva. A mulher, identificada como Karolaine, iniciou os xingamentos e a impediu de permanecer no espaço, alegando que aquele não era um banheiro adequado para ela. O marido de Karolaine, Marcos, reforçou a abordagem e chegou a bloquear fisicamente a entrada do banheiro.
Em relato emocionado nas redes sociais, Kely expressou indignação e tristeza com a situação. “Estou envergonhada, não por ser confundida com uma trans, o que considero um elogio, mas envergonhada pela vergonha que senti”, declarou, ressaltando seu respeito pelas mulheres trans e lamentando o preconceito que enfrentou.
A personal trainer relatou ainda que, diante da violência verbal e do constrangimento público, cogitou até apresentar seu documento de identidade para comprovar seu gênero. “Você não precisa provar quem você é, mas, às vezes, as pessoas são tão ruins que fazem você duvidar”, desabafou.

O caso foi levado à Delegacia de Boa Viagem, onde Kely registrou boletim de ocorrência no mesmo dia, acompanhada de uma aluna que testemunhou o episódio. A estudante, que está grávida, ficou bastante abalada com a confusão. Kely também informou que foi chamada para prestar depoimento na quarta-feira (28) e que pretende acionar judicialmente o casal responsável pelo ataque.

“Fiz minha parte: registrei o boletim e vou processar. Mas, e os danos psicológicos? O constrangimento? Isso não se apaga”, lamentou.
O episódio reforça o debate sobre preconceito e violência simbólica em espaços públicos, evidenciando a necessidade de mais respeito e empatia no convívio social. Até o momento, a academia não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido.