
Dados preliminares divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Ministério da Saúde revelam que, em 2024, o Brasil registrou um aumento na taxa de fumantes adultos pela primeira vez desde 2007. A proporção saltou de 9,3% para 11,6%, segundo levantamento realizado em todas as capitais e no Distrito Federal.
O crescimento foi observado tanto entre homens quanto entre mulheres. O percentual de fumantes do sexo masculino subiu de 11,7% para 13,8%, enquanto entre as mulheres houve um salto de 7,2% para 9,8%. O Ministério aponta que o total de adultos fumantes no país teve um aumento relativo de 25%.
Letícia de Oliveira Cardoso, diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (Daent), destacou que o crescimento já vinha sendo percebido entre jovens de 18 a 34 anos desde 2023. Segundo ela, é urgente retomar ações de enfrentamento ao tabagismo, com foco na comunicação dirigida à população jovem.
Além do cigarro tradicional, o estudo apontou que 2,6% dos adultos usaram cigarro eletrônico no último ano, número que representa estabilidade em relação a 2023 (2,1%). No entanto, o uso entre mulheres dobrou, ando de 1,4% para 2,6%, enquanto entre os homens houve leve queda, de 2,9% para 2,5%.
Durante o evento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), defendeu campanhas incisivas contra o tabaco, com ênfase nos impactos negativos à saúde e à economia. Estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), também divulgado nesta quarta-feira, aponta que para cada R$ 1 arrecadado com a indústria do tabaco, o governo gasta R$ 5 com doenças relacionadas ao fumo.
O levantamento do Inca atribui ainda uma morte para cada R$ 156 mil de lucro obtido pelas empresas com a venda de cigarros legais. O estudo considerou dados de 2019 e relacionou as mortes a enfermidades como doenças cardíacas, AVC e câncer de pulmão.
A Anvisa, por sua vez, mantém desde 2009 a proibição de importação, publicidade e comercialização dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), como cigarros eletrônicos e vapes, justificando a ausência de evidências sobre benefícios da regularização desses produtos.
A pesquisa foi apresentada em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, e serve de alerta para a necessidade de retomar políticas públicas de controle do tabagismo. O Ministério da Saúde também anunciou que os próximos estudos incluirão a população residente fora das capitais.