
A partir de junho, os consumidores de energia elétrica em todo o Brasil vão sentir no bolso o impacto da piora nas condições de geração. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta sexta-feira (30) a ativação da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que representa um acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
A medida ocorre após uma sequência de meses com bandeiras mais favoráveis, como a verde e a amarela. A justificativa da Aneel se apoia na escassez de chuvas que atinge principalmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste — responsáveis por cerca de 70% da capacidade de armazenamento hídrico do país — e na consequente queda nas afluências às hidrelétricas.
Com menor volume de água disponível, o país precisou acionar usinas termoelétricas, que têm custo de operação mais elevado. Esse aumento nos custos de geração é compensado por meio da cobrança adicional na conta de luz, conforme prevê o sistema de bandeiras tarifárias.
Segundo Lucas Paiva, engenheiro elétrico e sócio-fundador da Lead Energy, as precipitações ficaram abaixo da média histórica no outono e o cenário tende a se manter durante o inverno. Ele aponta que os níveis de armazenamento, que estavam em 69% em abril, podem cair para 55% até outubro, conforme estimativas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A última vez que a bandeira vermelha foi acionada ocorreu em 2023, em meio ao aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) e à crise hídrica. Agora, a perspectiva de escassez hídrica e os custos crescentes voltam a pressionar o sistema elétrico e os consumidores.