A leitura é uma das melhores aquisições que uma pessoa pode fazer na vida, com efeitos positivos para o cérebro e para o comportamento. Achados científicos relatados no artigo Letras – uma área e sua justificativa, da Dra Márcia Abreu, da Unicamp, indica que a leitura de ficção supera a de não ficção.
Em seu artigo, a pesquisadora estabelece uma relação entre a leitura de ficção e a empatia a partir de pesquisas do Dr. Raymond Mar, da Universidade de York, Canadá, e sua equipe. A conclusão do estudo da equipe canadense é que os leitores de ficção tem maior desempenho em habilidade social e uma percepção mais aguçada dos estados de espíritos de outras pessoas. Para eles, a leitura de obras ficcionais parecer fortalecer o cérebro social, que é uma rede de circuitos cerebrais envolvidos na capacidade da pessoa perceber tanto o seu próprio estado de espírito como também o das outras pessoas e de interagir socialmente.
Outra equipe de pesquisadores que demonstram a relação entre o contato com a ficção e a empatia é a do Dr. Paul Zak, neurocientista norte-americano. Suas conclusões indicam que o contato com histórias comoventes provoca a liberação de ocitocina no sistema neuroendócrino, com poder de afetar a atitude e o comportamento da pessoa. A ocitocina, por sua vez, desencadeia a liberação da dopamina – que atua sobre o sistema motivador de recompensa e de geração de entusiasmo, cruciais por impulsionar a pessoa rumo à conquista dos seus objetivos – e da serotonina, que está relacionada à redução da ansiedade e ao efeito positivo sobre o humor.
Essas descobertas são um bom motivo para pais, educadores e toda a sociedade investir ainda mais na formação do hábito leitor dos nossos jovens. Será que vale a pena?

Francisco Neto Pereira Pinto é professor universitário, escritor e psicanalista. Doutor em Letras. É autor dos livros infantis O gato Dom e Você vai ganhar um irmãozinho. Instagram: @francisconetopereirapinto