
Vivemos uma era em que o aplauso fácil e a viralização se tornaram moedas mais valiosas que a dignidade e o conhecimento. Aos poucos, nossa sociedade adoece, anestesiada por um ciclo perverso onde o ridículo e a humilhação são premiados com curtidas, compartilhamentos e, em muitos casos, contratos milionários com grandes marcas.
É cada vez mais comum ver pessoas tratando bonecos como filhos, acampando em frente à casa de celebridades ou se sujeitando a situações grotescas em troca de segundos de atenção na internet. O mais alarmante, porém, não é a ação em si, mas a audiência que consome, valida e impulsiona esse comportamento. A espetacularização do banal e do bizarro cria um ambiente onde qualquer limite ético é relativizado, desde que gere engajamento.
Enquanto isso, a busca por conhecimento e desenvolvimento pessoal segue em franca decadência. Muitos não leem mais livros, não se qualificam profissionalmente, não cuidam da saúde física e mental. Trocam o aprendizado e a evolução por vídeos curtos, desafios vazios e modismos que, tão rapidamente quanto surgem, desaparecem sem deixar qualquer legado.
As marcas, por sua vez, se adaptaram ao novo cenário, muitas vezes abrindo mão de sua história, credibilidade e propósito para se render ao espetáculo das “dancinhas” e “challenges”. Transformam campanhas publicitárias em cenas constrangedoras, forçando funcionários a se exporem ao ridículo em nome de uma pseudo-modernidade que não a de desespero por cliques. Comparar essas ações a espetáculos de circo seria injusto com os artistas circenses, que dominam a arte de entreter com talento e técnica, e não com humilhação.
O mais triste é perceber que a honra, outrora um valor essencial, foi trocada por engajamento. Pessoas se expõem, se humilham, se violentam emocionalmente por um pedaço de bolo em praça pública ou por migalhas de atenção em um vídeo viral. A humilhação deixou de ser um limite social e ou a ser conteúdo de entretenimento. E há quem aplauda.
Este fenômeno revela uma sociedade alienada pelo próprio vazio, refém de algoritmos que recompensam o grotesco e desprezam o conteúdo construtivo. Estamos perdendo, pouco a pouco, a capacidade de valorizar o que realmente importa: o conhecimento, a saúde, a ética, a verdadeira arte.
O espetáculo vazio seguirá enquanto não houver uma reflexão profunda sobre quem somos e o que queremos consumir. A urgência é de resgatar a essência humana, pautada na dignidade, no respeito e na busca sincera por evolução. O mundo não precisa de mais um vídeo viral; precisa de pessoas conscientes, saudáveis e preparadas para construir um futuro que valha a pena.