
Em Gravatá, o calendário eleitoral não marca apenas datas de votação, mas também o ressurgimento de uma figura lendária: o bobo da corte. E como manda a tradição — que, aliás, deveria ser tombada como patrimônio imaterial do folclore político local — lá está ele, maquiado de cidadão indignado, mas com o script decorado vindo diretamente do comitê do ódio.
A cada dois anos, como num enredo já manjado de novela mexicana de quinta categoria, surge o escolhido. Um rostinho conhecido ou, às vezes, um estreante no picadeiro da bizarrice política. E sua missão é clara: atacar, distorcer, denunciar, berrar — tudo, é claro, em nome da moralidade seletiva. Aquela que não resiste ao espelho.
Chamado por alguns de “boi de piranha”, por outros de “bucha de canhão”, o bobo da corte de Gravatá é mais uma peça num jogo sujo e mofado. Ele não se move sozinho. É financiado, orientado, maquiado, e emoldurado pelo verdadeiro antagonista da história: o pretenso messias de bastidores. Esse, sim, o verdadeiro mestre de marionetes, que prefere o conforto da penumbra e do anonimato, regendo sua orquestra de mequetrefes por trás de uma cortina de fumaça e pirita.
É curioso observar como esses personagens têm um padrão. Vasculham vidas alheias com a sanha de um cão farejador, mas vivem sentados sobre pilhas de telhado de vidro. Não raro, seus próprios “rabos de palha” são longos o bastante para incendiar uma quermesse. E ainda assim, marcham, altivos, como paladinos de uma justiça que só existe nos delírios de seus patrões.
E aí, leitor, fica o desafio: faça o exercício cívico de lembrar dos bobos das eleições adas. Onde estão agora? Alguns foram esquecidos na sarjeta da irrelevância, outros ainda tentam uma ou outra performance nas redes sociais, fazendo graça para meia dúzia de seguidores zumbis.
Mas a pergunta que não quer calar: quem será o novo bobo da corte de Gravatá em 2025? Porque, acredite, ele virá. E virá com pompa, microfone e uma caixa de denúncias vazias. Afinal, o espetáculo precisa continuar. E o povo, sempre atento, merece rir — mesmo que seja de nervoso.
Fim da sessão. Mas não do circo.